Alfabetização no Ensino Fundamental, chegou a hora?

O ensino fundamental chegou, hora de alfabetizar!   

Estamos enganados, a alfabetização se iniciou desde os primeiros momentos de vida, quando acontecia a conversa com o bebê, durante as canções de ninar e através da observação e imitação nos primeiros meses de desenvolvimento.

Depois de muitas experiências sensoriais, vivências socioemocionais e estímulos psicomotores, principalmente durante a educação infantil,  as crianças estão no auge da sua maturação cerebral, prontas para receber as devidas “doses” de alfabetização. 

Acontece que mesmo depois de anos evoluindo nesse processo, a alfabetização caminha com alguns fatores que permeiam a vida de um ser humano. A metalinguagem, a consciência fonológica e fonêmica, o contato com textos impressos, a decodificação e fluência de sílabas, palavras e frases fazem parte de um conjunto de habilidades necessárias e que requer constante prática e aprimoramento, podendo acontecer através de jogos e brincadeiras.

Vamos fazer uma breve analogia: até cerca de sete anos de vida, o cérebro da criança é um campo gramado, sem cortes ou caminhos. À medida que vai crescendo, as trilhas vão se abrindo, a grama sendo aparada e a aprendizagem acontecendo. Ao completar por volta dos sete anos de idade, acontece uma poda neural significativa, permitindo que todos esses caminhos abertos sejam assimilados e fixados. A partir daí, o cérebro se torna base para futuros aprendizados e aprofundamentos, incluindo os aspectos cognitivos, emocionais, psicomotores e pedagógicos.

Será que durante a pandemia tais aspectos estão comprometidos? Se eles forem nulos, SIM! Se forem adaptados e direcionados, NÃO!

A alfabetização é processo, tem esse “marco inicial”, mas na escola organizamos e cuidamos até o 5º ano, os estímulos e nível de conhecimento são graduais e cumulativos. Em casa, o ideal é tentar identificar minimamente em que “nível” a criança está, se já reconhece letras, se já consegue escrever algo, se faz leitura de imagens (placas, anúncios), se registra algum traço consciente ou se se interessa por pontos da linguagem oral e escrita. 

Alfabetização precisa de paciência, significado e leveza, para ambas partes! Alfabetizador e alfabetizando,  colocar a criança para copiar dez vezes a mesma letra se ela não está interessada em aprender ou não tem significado para ela, é apenas perda de tempo.

Não cobrem a memorização sequencial do alfabeto, isso é consequência de quando   ela compreende que existe uma ordem que sempre acontece. Não faça ela recitar vogais e consoantes. Não exijam letra cursiva! A criança vai te dar os sinais de que está preparada, a mãozinha vai estar mais “solta” e segura para fazer a letra com curvas, ela vai perguntar porque existem formatos diferentes, será espontâneo, genuíno e natural. É como se fossem vagões de um trem, quando um vagão se enche de estímulos e a criança entende tudo que está lá, ela cria uma ligação com um próximo vagão que ainda está vazio e ela vai preenchendo com base naquilo que já entendeu.

A alfabetização acontece por meio do DESPERTAR. É nessa faixa etária que devemos despertar o interesse por aprender a ler e escrever. Fazer isso dentro de casa poderá se tornar mais fácil se fizer parte da rotina, de forma envolvente e sem cobranças. Será na hora de fazer a lista de mercado,  separar as roupas para lavar, etiquetar gavetas, organizar papéis, ler histórias interessantes, e produzir memórias afetivas. Se a criança já está alfabetizada, sempre instigue alguma pesquisa ou questione assuntos e temas que já são do interesse dela, essa é a porta de entrada para conseguir acessar os gatilhos de uma aprendizagem significativa e efetiva!

Por Giane Leite

Educadora do Ensino Fundamental 1 | Coordenadora do Ensino Fundamental 1 | Hub Bom Pastor | Juiz de Fora - MG

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