Com o início das atividades escolares de maneira remota, veio a pergunta: É possível fazer Educação Física online? Como levar a experiência das quadras esportivas para o quadradinho da videochamada?
São dúvidas como estas que me trouxeram até aqui e agora compartilho um pouco desta jornada com vocês.
É possível fazer Educação Física virtual, seja de maneira síncrona ou assíncrona. Mas de fato, não é possível trazer toda a energia e interação do encontro presencial das quadras. No caso dos encontros por videochamadas, a linguagem é outra, então foi preciso fazer alguns ajustes para alcançar os objetivos (tanto das habilidades previstas pela base nacional curricular comum, quanto em relação aos projetos da Escola HUB).
O primeiro passo foi entender o potencial das Metodologias Ativas de aprendizagem, pois o formato tradicional de aula/palestra (que já é pouco eficiente no presencial) torna-se ainda mais entediante num encontro online. Neste contexto, é fundamental que se crie um ambiente de discussões entre pares e pausas reflexivas para que o estudante seja protagonista na construção do seu conhecimento. Depois, através de um planejamento reverso, definir o que esperamos que o estudante aprenda e quais serão as evidências de que alcançamos o esperado, para só então planejar as experiências de aprendizagem.
Compartilho aqui um exemplo prático: sabemos da importância da coordenação motora fina (o uso delicado e preciso dos pequenos músculos das mãos) para realizar atividades como escrita e digitação. Através do envio de um vídeo realizando atividades de habilidades manuais, os estudantes poderiam deixar seus registros para avaliação e feedback, então preparei uma sequência de movimentos para exercitar essas habilidades.
No projeto “por que nos alimentamos?” os estudantes responderam à pergunta “do que nos alimentamos”, em que estudaram a diferença entre misturas homogêneas e heterogêneas. Aproveitei esse tema para exercitar o movimento de pinça com os dedos utilizando grãos. As entregas foram realizadas na plataforma digital Flipgrid, onde os hubianos puderam se divertir e interagir entre si enquanto realizavam a atividade física com foco na coordenação motora fina.
No fundamental 2, os estudantes estavam envolvidos com o fenômeno “evolução digital” em que o artefato final foi a criação de um canal no youtube.
De que forma a Educação Física poderia ajudar nesse projeto?
Começamos com reflexões sobre “enquadramento”. Como criador de mídia, o estudante “enquadra” o que compartilha na Internet para que as pessoas vejam somente o que queremos que elas vejam (tendo isso em mente mantemos nossas informações pessoais ou particulares fora do “enquadramento”). Para ver como isso funciona na prática, fizemos um gesto com as mãos* para fazer seu próprio enquadramento, e refletir sobre as escolhas do que incluir e o que excluir ao produzir conteúdos para internet.
Esta metáfora relacionada ao projeto foi apenas o começo de uma jornada de exercícios práticos de coordenação.
Bem diferente das experiências tradicionais, não é mesmo?
E atendendo aos três elementos fundamentais das práticas corporais: movimento corporal como elemento essencial; organização interna (de maior ou menor grau); e produto cultural vinculado com o lazer e cuidado com a saúde.
Estes foram exemplos práticos de apenas uma atividade no fundamental 1 e 2. A cada semana temos novos projetos e habilidades a desenvolver, sempre através dos 5 temas da cultura corporal (Ginástica, jogos e brincadeira, dança, luta e esporte), e assim seguimos com o prazeroso desafio que é ser um educador no século 21!
Por Ricardo Pires
Formado em Educação Física e pós-graduado em Treinamento Funcional com especialização em reeducação do movimento
Método Bertazzo
Educador físico do Ensino Fundamental | Hub Bom Pastor | Juiz de Fora - MG